Há cerca de duas horas se encerrou a sessão do Conselho
Universitário da UFRGS que estava avaliando a política de ações afirmativas,
aplicada na universidade desde o ano de 2008. Quero nesse breve relato
expressar a minha indignação com a postura conservadora da reitoria e da
maioria do CONSUN, que não deu ouvidos ao movimento social negro e estudantil e
disse não a desvinculação da reserva de vagas para estudantes negros das cotas
sociais e negou a ampliação de 30% para 40%.
Ocupamos a reitoria na noite de ontem com o intuito de, em
primeiríssimo lugar, garantir a realização da reunião, devido a boatos de uma
possível implosão vinda da direita. Transformamos aquele espaço vazio, frio e
antidemocrático num verdadeiro quilombo. Quilombo, pois essa palavra para a
negritude significa resistência, democracia e união. A reitoria amanheceu
pintada com as cores do pan-africanismo e com as portas escancaradas para a
comunidade acadêmica e é importante ressaltar que foi a primeira vez na história
da UFRGS que isso aconteceu. Estiveram presentes representantes dos
quilombolas, religiosos de matriz africana, professores e servidores em greve,
além de centenas de estudantes secundaristas. Todos unidos sob a perspectiva de
continuar pintando a UFRGS de PRETO e avançar na popularização da NOSSA
universidade!
Mas todo esse movimento foi ignorado pela ampla maioria dos conselheiros, da oposição de direita à reitoria governista. A máscara de reitoria caiu de maduro! Os avanços que eles prometeram defender foram por água abaixo. Nosso movimento sempre alertou para essa possibilidade, por isso reforçamos a necessidade da luta com a ocupação. Novamente a reitoria demonstrou com quem está realmente comprometida: com o setor racista e elitista da sociedade gaúcha, pois não melhorou em nada a política, nem do ponto de vista do acesso e muito menos da permanência.
Nossa luta não acaba aqui! A manutenção da política por mais
10 anos é muito importante e é fruto de nossa organização durante esses cinco
anos de ações afirmativas na UFRGS. É resultado dos Encontros de Negr@s,
Seminários, atos, festas e calouradas que realizamos. Espero que não confundam
a minha indignação com um sentimento de negação da manutenção da política, mas
é necessário afirmar que a UFRGS perdeu uma grande oportunidade de se
transformar em uma universidade de excelência do ponto de vista do combate à
desigualdade social e racial. Continuamos firmes, em defesa da juventude negra. Essa pauta é parte de nossas tarefas nas eleições!
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